16/03/2011


DO LIVRO DOS AMANTES


A hora, era a combinada. Empurrei a porta do café e entrei segura da missão que me levava até ali. O café era pequeno, iluminado pela luz exterior que entrava pelos vidros enormes, que davam para a rua. Tinha pouca gente, digamos que um número de clientes Q.B..
Já no interior, parei junto à porta e procurei-te com o olhar. Vi-te. Estavas numa mesa do canto, encostado à vidraça. Esperavas-me, como combinado. Baixei a cabeça, um sorriso entreabriu-me os lábios - mordi-me para não soltar uma gargalhada. Feliz. Estava feliz.
Trazia um fato cinza. A saia era justa e curta. O casaco era igualmente curto e não adivinhava blusa por debaixo, parecia assentar directamente sobre a pele. Estava de saltos, uns " Manolo´s" pretos, que ao caminhar mostravam um rasto vermelho de desejo e paixão. Eram o prenúncio de algo...
Segui por um corredor de mesas em tua direcção. O teu corpo moveu-se na cadeira, o teu olhar brilhou e vi um meio sorriso no teu rosto impassível. Percebi que te preparavas para levantar e cumprimentar.
Mas eu antecipei-me. No mesmo corredor, três mesas antes, sentei-me. Percebi o teu olhar de surpresa mas disfarças-te-a bem, como sempre. Sorriste, aparentemente, agradado com a presença de uma mulher interessante, que tinha entrado pela porta do café.
Percebi que percebeste, que o jogo ia começar (sim, sim, a menina gosta de brincar...). Simpaticamente, fiz sinal ao empregado de mesa, pedi um café pingado e uma água sem gás natural, e abri o jornal pousado na beira da mesa.
Finalmente olhei na tua direcção. O meu olhar cruzou-se com o teu, e segurei-o. Estavas recostado na cadeira e aparentemente divertido com a situação.
De olhos nos olhos, endireitei-me na cadeira, obrigando os meus seios a forçar o tecido do casaco curto. Inspirei, expirei. Sorri. Estava sentada de lado para ti, pernas cruzadas.
Lentamente puxei a saia curta um pouco mais para cima, de modo a que visses o rendilhado das meias que terminavam um pouco antes das coxas...
Discretamente mordi os lábios e voltei a mexer o corpo na cadeira, como que a tentar sentar-me bem no seu (teu) centro.
De forma casual, virei o meu corpo na direcção do teu. Agora, estávamos frente a frente, no corredor de mesas, com o ângulo de visão completamente livre. Retirei as pernas debaixo da mesa, descruzei-as e abri-as ligeiramente.
O teu olhar permanecia divertido, curioso. Seguiste a linha das pernas, percebeste o interior das coxas e, bem no fundo, o meu SEXO… nu, depilado, húmido. Ficaste estupefacto…
Mexeste-te na cadeira. Sim, isso mesmo. Queria ver-te com tesão. Duro, com vontade de me ter, ali, ofegante, suplicante, obediente - e a saberes que não me podias ter.
Voltei a mexer-me na cadeira. Endireitei novamente o corpo como se esticasses as costas. Queria que percebesses que simulava discretamente, o momento em que me sento no teu sexo, ávida de ti e me movo em busca de prazer, o nosso prazer.
Entretanto o café e a água chegaram. Óptimo. Bebi-os rapidamente. Paguei. Levantei-me e fui em direcção à porta. Antes, olhei demoradamente - manifestamente – para ti. Quem estava no café, perceberia que o meu olhar era de sedução. Cumprimentei-te e saí. Entrei no meu carro, tirei-o do estacionamento e aguardei com os “piscas” ligados, próxima do teu. Minutos depois saíste. Olhaste de esguelha a confirmar a minha presença, sorriste, abriste a porta do carro, entraste, ignição, pisca e saímos para a estrada.
No início íamos devagar, tu na frente, eu no teu encalço, colada a ti. Depressa, cada vez mais depressa, saímos da estrada principal, entrámos em estradas secundárias e depois de terra batida.
A estrada corria junto à praia e o tempo estava enevoado. Paraste num sítio seguro, com vista para o mar e parei ao teu lado. Saí do carro e caminhei na tua direcção. Aguardavas parado, do lado de fora do carro, junto à porta do condutor.
Olhei-te. Agora queria-te dentro de mim, rápido, o mais rápido possível. Sentir, a ti e ao prazer que me dás sempre... caminhava para ti, e sentia-me húmida... cheia de tesão...
Parei junto a ti. Estávamos frente a frente, sorríamos um para o outro. Encostei o meu corpo, ao teu corpo imóvel – percebi que ias obrigar-me a implorar. Estiquei-me e beijei a tua boca.
O beijo foi bom, longo, demorado, quente, intenso... as minhas mãos começaram a procurar o teu corpo mas agarraste-me os pulsos. Soltaste as mãos, agarraste a minha cintura e viraste-me de frente para o carro. Empurraste o meu corpo para a frente, prendeste-o com o teu e com as tuas mãos livres, subiste-me a saia.
- Minha putinha gostosa, sussuraste ao meu ouvido...

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